Comemora-se hoje no Brasil o Dia da Consciência Negra, instituída em âmbito Nacional pela Lei 12.519, de 10 de Novembro de 2011. A inclusão da data rememora a morte de um dos representantes dos negros, Zumbi dos Palmares. A auspiciosa data tem como objetivo levar cada brasileiro a refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
É mister que essa conscientização não seja vista tão somente como um favor sentimental aos negros, um sentimento de dó, todavia, ela revela o tão baixo nível que a humanidade tem caminhado até aqui, pois apesar de ser apresentada como conquistadora no campo da educação, da tecnologia, dos sentimento religiosos, ainda vive na barbárie da caverna da ignorância, pois necessita de leis e normas para valorizar um ser humano que é igual como qualquer outro, que veio do mesmo Deus.
Logo que folheamos as páginas da Bíblia, é revelado que toda humanidade veio de um só tronco, isso que dizer que tal unidade é genética, genealógica. O grande doutor dos gentios, Paulo, jamais concordaria com a desumana escravização praticada contra os negros, ele jamais aprovaria as palavras racistas e preconceituosas contra um ser humano, pois em suas palavras direcionadas a um grupo de sábios da Grécia deixou claro que todos procedem de uma só fonte: Deus (At 17.26).
A unidade orgânica da raça humana é uma realidade, essa propositura é confirmada por diversos cientistas, ainda que alguns não se coadunem com tal afirmação. No tocante a teoria da raça humana ela vem com os gregos, que falavam na teoria autóctone, dizendo que os homens surgiram de uma classe de gerações espontâneas. A teoria de Agassis, denominada de coadamitas, afirmava que houve diversos centros de criação; a teoria preadamita de Peirerius diz que houve outra raça antes de Adão. Mas não para por aí: podemos salientar o argumento da história que diz que todos os homens tiveram uma origem comum; no argumento filológico se fala que a humanidade origina-se de um só tronco comum; o argumento psicológico afirma que as almas de todas as pessoas são as mesmas, independentemente de sua cor, posição, tribo, nação; por fim, a ciência natural dá seu ponto de vista, afirmando categoricamente a humanidade vem de uma só espécie.
Por meio dessas conotações acima apresentadas, pede-se da parte de cada ser humano a conscientização de que todos nós somos filhos de um mesmo Deus, que carregamos em nosso interior a fagulha divina, o que nos torna imagem e semelhança do eterno, porém, são os matizes do egoísmo humano, de querer ser mais que o outro, uma raça superior, que tem nos tornado cada vez mais seres desumanos e sem uma boa consciência.
O que levou os homens a tirarem os negros de suas próprias terras e, por mais de trezentos anos, os tornarem objetos de venda, escravos, levando-os para as Américas, acorrentados e jogados em porões de navios como se fossem alguém sem qualquer valor? Esses seres humanos eram humilhados, desprezados e tratados como um animal,
sem nenhum valor. Dentre os 15 milhões de escravos arrancados de suas terras e vendidos para as américas, os Estados Unidos ficaram com a maior parte.
Foi em 1860 que a luta conta a escravidão ganhou força com a denominada Guerra da Sucessão; através dessa luta os negros conseguiram, com apoio inclusive de brancos, o que mais desejavam: a liberdade. Com a conquista da abolição, não se pôs fim ao sofrimento dos negros, pois a mera criação de leis não poderia mudar mentes e corações dominados por sentimentos de racismo, aliás, leis criam regras, normas, mas não criam amor, boa consciência.
Apesar da liberdade, a maioria ainda continuou a tratar os negros como gente de nada, a eles eram dados os trabalhos que os brancos não queriam desempenhar, não era permitido frequentar as mesmas escolas, restaurantes, bairros. Não bastasse tudo isso, alguns brancos criaram uma sociedade denominada de Ku Hlux Klan (KKK), que se empenhava em praticar atos absurdos contra os negros: destruição de suas casas, linchamento, enforcando-os em árvores.
Diante desse cenário desumano os negros lutavam, batalhavam, conseguiam ganhar poucos direitos, desejando mais justiça, igualdade, mas muitos já estavam até desistindo; foi então que surgiu o líder conhecido como Martin Luther King (1929), nascido em Atlanta, filho de pais negros e, pela postura do pai, que manifestava-se contra o racismo em alto nível, Luther King sentiu inspiração para engajar-se na luta em favor dos direitos dos negros.
Luther King sentiu na pele, desde criança, o racismo; não podia brincar com as crianças brancas, sentar no mesmo lugar que elas, quando ia à sorveteria tinha que ficar do lado de fora, só podia ir à escola de crianças negras, jamais brancas. Mas sua indignação se tornou mais intensa aos 15 anos de idade, quando dois brancos entraram no ônibus e o motorista mandou que ele saísse do lugar para que os tais sentassem. Essa atitude revoltou Luther, pois ele tinha acabado de ganhar um bom prêmio por um trabalho sobre os direitos negros, assim entendeu que tais direitos na prática não existiam.
Luther King não desistiu, entrou para uma das melhores faculdades dos Estados Unidos, fez sociologia, teologia, tornou-se pastor, e inspirou-se em grandes líderes, especialmente Gandhi.
Esse homem decidiu envolver-se com a luta em favor dos negros depois do caso de Rosa Parks que, indo para o trabalho, ao entrar no ônibus, percebeu que todos os acentos do fundo destinados aos negros estavam lotados. Rosa Parks notou que havia um local vazio no meio do ônibus então se sentou, tendo ciência que caso chegasse um branco ela deveria ceder o lugar; e foi o que aconteceu: três brancos entraram, dois encontraram acentos, mas um ficou de pé, prontamente o motorista solicitou que Rosa cedesse o acento, mas ela se recusou a atender o pedido, o motorista disse que disse que ia chamar a polícia, e tendo ela resistido, logo foi presa.
Diante dessa situação Luther King resolveu ir à luta, juntou-se a ele também brancos que tinham sentimento e amor no coração, os quais não suportavam mais ver aquela situação. Daquele momento em diante ficou decidido que nenhum negro tomaria ônibus, com essa atitude o objetivo era criar consciência em cada americano, por meio do prejuízo financeiro, que o racismo é desumano.
Essa luta de King causou uma grande comoção, pois logo outros pastores e cidadãos se juntaram a essa causa nobre para varrer de vez o racismo, o que gerou uma conscientização justa, necessária, esclarecendo que todos são iguais.
A postura de Luther King foi muita justa e plausível, primeiro porque ele não combatia o ódio dos brancos com o ódio, mas com amor, esse seu entendimento vinha de Jesus Cristo. Ele dizia que a violência tem uma paz temporária. Ela apenas cria novos problemas sociais e nunca a paz permanente. Por meio dessa luta sem violência, apenas dirigida pela coragem, os brancos tiveram que ceder diante das reivindicações dos negros.
A postura de Luther King e de outros representantes de comunidades negras foram e são válidas. Falta no mundo a conscientização da valorização da vida humana, independentemente da cor, posição ou bairro que alguém mora. É preciso ser consciente de que não se deve aprovar a corrupção, é preciso ser consciente que meu voto deve ser sem imposição, é preciso também ser consciente que o outro não é diferente de mim.
Nesse dia da Consciência Negra que cada brasileiro possa entender que ninguém pode ser julgado ou avaliado por sua cor, que o outro pode ser diferente de mim no seu jeito de ser, pensar, falar, vestir, mas é igual a mim, pois todos viemos do mesmo Deus. A capacidade de um ser humano não é avaliada por sua posição ou cor, mas sim por sua humanização.
Que cada negro valorize sua cor, que é uma benção de Deus, não se renda diante de palavras depreciativas, confie em seu potencial, não desista jamais dos seus sonhos, buscando as melhores posições, os melhores empregos, a melhor educação, pois nesse país de mestiços, mulatos, pardos, negros, brancos, a cor que não queremos é a do preconceito, racismo, do medo, da petulância.
Publicado por Pr. Osiel Gomes
Presidente da Assembléia de Deus do Campo Tirirical
em São Luis/MA